A origem dessa bebida tão presente em nossas vidas data do século VI, quando na antiga Abissínia (atual Etiópia) um pastor que levava suas cabras para pastar notou em uma das noites que elas estavam mais agitadas e saltitantes do que o normal. Como na noite seguinte as cabras apresentaram o mesmo comportamento, o pastor recorreu a um monge que os acompanhou, para ver se era algo sobrenatural. Então, o monge observou que as cabras comiam os frutos vermelhos de um arbusto e levou algumas folhas e frutos para o mosteiro. Enquanto isso, o pastor provou alguns frutos e sentiu a mesma excitação de suas cabras, indo juntar-se a elas.
No mosteiro fizeram uma infusão com as folhas e os frutos, mas o sabor era tão amargo e desagradável que eles atiraram ao fogo, surgindo um aroma extasiante. Foi feita então uma nova infusão e os monges beberam e ficaram a madrugada inteira recitando escrituras. Assim, foi descoberta essa bebida mágica chamada café, capaz de acabar com o cansaço e estimular o cérebro.
O café já era muito apreciado no século XV na região da Etiópia, quando cruzou o Mar Vermelho e atingiu o Iêmen, ganhando interesse do governo e agricultores, conquistando o mundo árabe. Naquele tempo a bebida era preparada da seguinte forma: a água era fervida em uma chaleira própria, o pó de café era adicionado e a mistura fervia por mais um tempo para perder o sabor desagradável e devia-se bebê-la rapidamente. Algumas pessoas adicionavam açúcar, canela e cravo-da-índia. Essa bebida era chamada cahue ou café. A espécie da planta ficou conhecida como Coffea arábica por ter se adaptado muito bem na Arábia. No final do século XIX outras espécies passaram a ser cultivadas como a Coffea robusta.
No século XVI o Iêmen era o principal produtor de café, que já era bem conhecido no Médio Oriente. Em meados de 1500 a bebida passou a ganhar terras do Egito, Síria, Turquia e Grécia, trazida principalmente pelos mercadores que cruzavam a região. Por volta de 1600 o café chegou ao sul da Índia, espalhando-se por outras regiões do país. Nessa época, o porto iemenita da cidade de Mokka (Mar Vermelho) era o maior exportador de café, levando a bebida para a Europa Ocidental.
Em 1616 o primeiro pé de café chegou à Europa, desembarcando no Jardim Botânico de Amsterdão. Esse pé ficou numa estufa e originou novos pés, que foram levados para o Ceilão (atual Sri Lanka) e Java (Indonésia), colônias dos holandeses. Em 1706 os holandeses eram responsáveis pelo abastecimento de café de toda a Europa e a Indonésia tornara-se o primeiro grande produtor e exportador do grão.
E o café ia ganhando o mundo! As casas de café na Turquia, Europa e países árabes eram locais muito frequentadas por intelectuais, artistas, religiosos e comerciantes. Em Londres, que contava com cerca de 2 mil casas que vendiam a bebida em 1715, seu consumo veio antes do chá, quem diria?
E a moda chegou aos Estados Unidos. Nessa mesma época começaram a surgir diversas casas de café em Boston e Nova Iorque. Dizem que foi num café em Boston, na Union Street, que surgiram os acordos e pactos para a revolução que culminou com a independência americana em 1776. Além disso, como o chá era associado à coroa inglesa, os norte-americanos passaram a consumir mais café e hoje são os maiores consumidores do mundo.
Continuando a história, o aumento da procura provocou a expansão das produções e no final do século XVIII os cafezais também prosperavam na Jamaica, Cuba, Porto Rico, Guatemala, Costa Rica, Venezuela, Colômbia e México. Os franceses levaram o café à Guiana Francesa, Haiti, Guadalupe, Ilhas Maurício (África), Tonquim (atual Vietname) e ilha Reunión (conhecida como Bourbon).